Chuvas voltaram no Estado, mas situação ainda é critica e pede racionamento









 




Desde as chuvas do fim de 2013, que provocaram grandes estragos na maioria dos municípios capixabas, não chovia acima do previsto no Espírito Santo. Entretanto, a partir do segundo trimestre de 2017, a situação começou a mudar, chovendo até 50% acima do normal em toda a faixa leste capixaba, conforme explicou o meteorologista do Incaper, Hugo Ely dos Anjos Ramos. Apesar disso, em alguns municípios do Noroeste capixaba a anomalia negativa de chuvas continuou e no Norte, mesmo com chuvas, a situação é de alerta e racionamento. 




Como é o caso de Conceição da Barra.





Em 2015, 2016 e no primeiro trimestre de 2017 choveu na cidade até 50% a menos do que o previsto, mas no segundo trimestre choveu até 50% acima do esperado. Contudo, essa chuva não foi o suficiente para tirar o município do estado crítico de racionamento. O coordenador de Proteção e Defesa Civil de Conceição da Barra, Jalmas Greis, afirma que a situação “é muito grave no que diz respeito à crise hídrica”.
“A cidade está enfrentando racionamento de água das 17h às 7h todos os dias, ou seja: não temos distribuição de água à noite. O motivo é a salinização da água do Rio Cricaré que provocou o desligamento da captação e bombeamento para tratamento. A água que recebemos da Cesan, vem de poços artesianos que ela construiu nos arredores da cidade”, explicou o coordenador.
Na zona rural, a situação é ainda pior. “Temos seis comunidades que não têm água e estamos fazendo o atendimento com caminhão pipa, cerca de 80 famílias. Em torno de 80% dos afluentes e lagoas do município secaram totalmente há mais de dois anos”.
De acordo com Jalmas Greis a vazão dos rios está comprometida e o abastecimento é considerado muito crítico. “A média boa de chuva anual é 1700 mm, porém ao longo dos últimos oito anos, essa média caiu para 820 mm, uma redução de chuvas acima de 50%”.
Condições insuficientes

No município de Rio Bananal, desde 2014 até o verão de 2017, as anomalias negativas de chuvas oscilaram entre -75% e -25%. Entretanto, no outono deste ano, o município teve até 50% de chuvas acima da média, o que não desligou o sinal de alerta. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Semama), os rios estão apresentando vazão bem abaixo do nível normal para a época do ano e o abastecimento está sendo suprido atualmente pelos reservatórios.
“O abastecimento em Rio Bananal não oferece condições necessárias para atender a toda a população de forma efetiva”, informa a Semama, por nota.
O vizinho Vila Valério, viveu anomalia negativa de chuvas semelhante nos últimos anos, e neste outono teve precipitação até 25% acima da média. “A situação ainda é problemática. As chuvas no município de Vila Valério estão muito abaixo da média (aproximadamente 30% nos últimos três anos). Estamos com um déficit de aproximadamente 1.500 mm. Tem que ficar em estado de alerta”, afirmou o secretário de Agricultura, Jeovane Xavier. O rio que abastece a cidade é o São José e a água que está sendo captada é sobra dos municípios banhados pelo rio, explicou ele.
Alerta nos Pontões

No extremo oeste capixaba o município de Laranja da Terra também tem enfrentado problemas nos últimos quatro anos. No primeiro trimestre deste ano chegou a registrar chuvas até 75% abaixo do esperado. De acordo com informações da Secretaria de Agricultura do município, o Rio Guandu “está com nível de água baixíssimo”. “Ainda não está faltando água para os moradores, mas o uso é feito de forma racional, e toda população está preocupada com a situação do rio, porque não chove há muito tempo. Os leitos estão todos secando”, informou a secretaria.
Em Governador Lindenberg, na região Doce Pontões Capixaba, o técnico agrícola Ademir Celim afirma que os rios que banham o município não estão com boa vazão e que alguns distritos enfrentam problemas de abastecimento. “Ainda estamos em alerta”, informou o técnico.
Já em Mantenópolis, também na região, a preocupação maior está para o início do próximo ano. O Rio São José, afluente do Rio Doce, sofre com o uso irracional da água para a irrigação, que aumenta no verão. “Mantenópolis continua, desde final de 2013, em estado de alerta, pois tem recebido muito menos chuva que a média histórica já vista. Os rios que abastecem córrego Manteninha, afluente do São Mateus, têm boa vazão. O que é preocupante é que, no verão, aumenta o uso irracional da água, o que conduz o município ao estado crítico”, informou a Secretaria Municipal de Agricultura.
Região dos 

imigrantes: 

rios secos

O nível do Rio Santa Joana, que abastece os municípios de Itarana e Itaguaçu, na região turística dos Imigrantes, está bem abaixo da média. Para piorar, alguns dos afluentes, como o Sossego, Bananal e Penedo, em Itarana, secaram. O racionamento está sendo alternativa em ambos os municípios para que a água consiga percorrer todo o leito do Santa Joana até a foz no Rio Doce, atendendo às demandas deste percurso.
Está em vigor o Acordo de Cooperação Comunitária (ACC) referente à captação e uso da água na bacia hidrográfica do Rio Santa Joana que determina dias alternados e horário restrito para a captação de água nos municípios. Em Itarana a captação para irrigação só pode ser realizada as segundas, quartas e sextas-feiras, das 18h às 6h.
Amado Leandro da Silva, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Itarana, informou que o racionamento começou dia 16 de setembro e que pode ser decretado estado de emergência caso não chova nos próximos dias. De acordo com ele, não chove há mais de três meses e a água está sendo oferecida à população de forma intercalada. “Enquanto uma parte da cidade recebe, a outra fica sem. A cada cinco horas fechamos o registro de uma parte da cidade”, afirma.
 Informações do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Joana dão conta de que comunidades do interior dos municípios de Itarana, Itaguaçu, Afonso Claudio e Colatina estão sendo visitadas para explicar o ACC e conscientizar as pessoas para a necessidade de racionar a captação de água.
 Plano de Recursos Hídricos 

somente para 2018

O diretor presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) Leonardo Deptulski informou que o racionamento em Conceição da Barra não tem a ver com disponibilidade hídrica. “Não tem a ver com diminuição da vazão do rio, mas com avanço do mar e salinização da água que prejudica a captação. Estamos analisando como podemos contribuir para uma solução conjunta com o município e a Cesan”.
Deptulski ressaltou que o município de Itaguaçu está instalando uma rede de captação de 10km até o Rio Santa Joana e que a Agerh editou a resolução nº 58/2017, proibindo a captação para uso que não seja abastecimento humano durante o dia. “São medidas de curto prazo para racionalizar e economizar. O Reflorestar está atuando na cobertura florestal, com efeitos de médio e longo prazo”, afirmou o presidente. Ele informou ainda que o Plano Estadual de Recursos Hídricos tem a implementação prevista somente para julho de 2018. A Cesan, responsável pelo fornecimento de água e saneamento básico em Conceição da Barra, Vila Valério, Laranja da Terra e Mantenópolis não se manifestou.

fonte: eshoje 



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